quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

De-icing, o processo de descongelamento do avião antes da decolagem

Na viagem que fizemos de Viena para Milão tivemos uma bela experiência, observamos o processo de descongelamento em solo, chamado De-icing, que é utilizado para remover o gelo ou a neve de uma aeronave de modo a proporcionar superfícies limpas e um vôo seguro.


São utilizados diferentes tipos de Fluidos de degelo para evitar posterior congelamento, que são tipicamente compostos de etileno glicol (EG) ou propileno-glicol (PG), juntamente com outros ingredientes. Fluido à base de propileno glicol é mais comum, devido ao fato de que é menos tóxico do que o etileno-glicol.

Por que o de-icing deve ser feito antes da decolagem?

A formação de gelo em aeronaves é um fenômeno meteorológico severo que pode representar perigo às operações aéreas. O gelo pode se acumular nas superfícies expostas da aeronave, aumentando o seu peso e a sua resistência ao avanço, ocasionando maior superfície de contato com o ar, causando acidentes.

Assim, nenhum piloto pode decolar com um avião que tenha gelo  ou neve aderidos às asas, estabilizadores ou superfícies de controle a qualquer hélice, para-brisas, instalação de motor ou a partes de um sistema de velocímetro, altímetro, velocidade vertical ou instrumento de atitude de voo.
A formação de gelo também contribui para o aumento do consumo de combustível e, consequentemente, para a diminuição de autonomia da aeronave, com perda de potência, pelo acúmulo de gelo. Quando em vôo a possível que haja formação de gelo, que é descongelada através de sistemas elétricos e com a condução do calor gerado pelos motores. 



Castelo di Schönbrunn, uma das principais atrações turísticas da cidade de Viena



O Castelo di Schönbrunn era a residência de verão da família Habsburgo, conhecido também como o Palácio de Versalhes de Viena, é um dos principais monumentos históricos e culturais da Áustria. O seu nome deriva de uma frase atribuída ao imperador Matias, que teria "descoberto" um poço enquanto caçava por ali, exclamando "Welch' schöner Brunn" ("Que bela nascente"). Entre seus proprietários estão D. Maria Teresa Habsburgo (que herdou o palácio de seu pai, Carlos IV), seu filho, o imperador Francisco José e a imperatriz Sissi (Isabel Amália Eugénia da Baviera, em alemão: Elisabeth Amalie Eugenie Von Bayern).

 Imperador Francisco José e a imperatriz Sissi 
O palácio barroco foi residência de verão da família imperial austríaca desde meados do século XVIII até ao final da Segunda Guerra Mundial. Nesse período, o edifício foi habitado quase continuamente por várias centenas de pessoas da vasta corte, tornando-se num centro cultural e político do império Habsburgo. Aqui viveu até 1817, data de seu casamento com o futuro imperador brasileiro Pedro I, a arquiduquesa D. Leopoldina de Habsburgo, que teve tão grande papel na independência do Brasil. 

O Schönbrunn tem sido uma das principais atrações turísticas da cidade de Viena desde o século XIX, sendo um dos mais importantes e mais visitados monumentos culturais da Áustria. O palácio e o seu parque de cerca de 160 ha está classificado desde 1996 como parte do Património da Humanidade pela UNESCO.


O palácio tem 1.441 cômodos, que na época foram colocados à disposição do Imperador Francisco e de Sissi, mas somente 45 podem ser visitados pelos turistas.

Na Sala dos Espelhos o menino prodígio Mozart tocou o piano aos seis anos de idade, encantando os presentes. Na grande sala com decoração chinesa Maria Tereza tinha suas conferências secretas com o Principe Kaunitz. O apartamento Vieux-Laque foi conferido a Napoleão. No Salão Chinês Azul, o Imperador Carlo I assinou seu ato de renúncia ao governo, em 1918, marcando o fim da monarquia. A Sala dos milhões, decorada com preciosas miniaturas provenientes da Índia e da Pérsia, é considerada uma das belas salas em estilo rococó no mundo.


No interior de sua igreja, há pinturas importantes do pintor Giambattista Pittoni que mostram a educação de Maria e San João Nepomuceno, durante seu tempo ele era o pintor mais solicitado de todos os tribunais europeus reais. Na Grande Galeria foi realizado o famoso Congresso de Viena, em 1814/15.

O Schönbrunn tem sido uma das principais atrações turísticas da cidade de Viena desde o século XIX, sendo um dos mais importantes e mais visitados monumentos culturais da Áustria. O palácio e o seu parque de cerca de 160 ha está classificado desde 1996 como parte do Património da Humanidade pela UNESCO. Tem aparecido em postais, documentários e diversas produções cinematográficas. Uma das principais atracções do parque palaciano é o Tiergarten Schönbrunn, o mais antigo jardim zoológico do mundo.

Em 1752, foi construído um parque zoológico nos domínios do castelo, o Tiergarten Schönbrunn, que existe até hoje, por ordem do então imperador do Sacro Império Romano, Francisco I, marido de Maria Teresa da Austria.

A Gloriete vista a partir da fonte de Netuno.


Gloriete, erguida em 1775 no alto do monte, que consiste numa arcada situada na colina acima do palácio, completando visualmente o jardim palaciano. Pensada como um Memorial à Guerra Justa (a que conduz à paz).

Em 1805 e 1809,m Napoleão residiu com a sua comitiva no Palácio de Schönbrunn, enquanto os franceses ocupavam Viena. Em 1830, nasceu no palácio Francisco José, que seria proclamado como imperador aos 18 anos de idade. 

O nome do imperador Francisco José I ficou intimamente ligado a Schönbrunn. Este soberano usou o palácio como residência de Verão e durante muitos anos saiu de lá para trabalhar no Hofburg, onde também viveu durante o Inverno. Nos seus últimos anos viveu e governou no Palácio de Schönbrunn ao longo de todo o ano, vindo a falecer ali, seu próprio quarto, no dia 21 de novembro de 1916. Em 1919, devido à Lei dos Habsburgos (Habsburgergesetzes), a área do palácio ficou sob gestão do Estado republicano a partir do governo federal de 1920 (atual autoridade de supervisão: Ministério da Economia).

A UNESCO incluiu o Palácio de Schönbrunn na lista do Património Cultural da Humanidade em 1996, em conjunto com os seus jardins, como um notável conjunto Barroco e exemplo de síntese das artes (Gesamtkunstwerk). O complexo do palácio inclui cenários de falsas ruínas romanas e um laranjal, importante luxo dos palácios europeus do seu tipo.

Informações turísticas
Grande Tour – compreende a visita em 40 salas dos apartamentos imperiais, passando por aqueles de Francisco José e Sissi, nos salões de festas e salas de representação, além das preciosas salas de Maria Tereza e Francisco de Lorena.

Ingressos em janeiro de 2020: 
Adultos: € 20,00 
Crianças e jovens (6 - 18 anos): € 13,00
Estudantes (19 - 25 anos): € 18,00*
Estudantes (6 - 18 anos): € 10,50*
Pessoas com necessidades especiais: € 18,00*

Tour Imperial -  visita de 22 salas dos apartamentos imperiais do castelo Schönbrunn, que abrange os apartamentos do Imperador Francisco José e de Sissi, salas de representação e salões de festas.

Ingressos em janeiro de 2020:
Adultos:€ 16,00
Crianças e jovens (6 - 18 anos):€ 11,50
Estudantes (6 - 18 anos):€ 8,00*
Pessoas com necessidades especiais: € 14,50*

Maiores informações sobre visitas no verão e inverno: https://www.schoenbrunn.at/it/tutti-i-biglietti/tutti-i-biglietti-e-le-visite-guidate/

Gostaríamos de destacar que uma das possibilidades mais econômicas é comprar o pacote de ingressos, que inclui a visita ao Castelo de Schonbrunn, o Palácio Hofburg e o Museu dos Móveis. Nós escolhemos essa opção e economizamos 25% do valor total.  Adoramos os três espaços, mas se você não tiver tempo e quiser escolher um deles, com certeza é imperdível a visita no Castelo de Schonbrunn.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A história do “Binário 21” na Estação Central de Milão

Viagem na Memória
Existem viagens na vida que podem levar a um destino desumano e cruel. Muitos conhecem a história das vítimas do Holocausto pelos livros, fotos, mostras, filmes e nas aulas de história. Poucos tiveram ou têm a oportunidade de visitar os locais onde ocorreu o maior genocídio da humanidade.



Na Itália, embaixo da Estação Central tem um desses espaços, que ficou escondido por muitos anos, mesmo suas vítimas e famílias permaneceram em silêncio por 50 anos. Finalmente venceu a necessidade de testemunhar, de transformar o espaço por onde passaram centenas de vítimas em um Memorial da Shoah. 



O Memorial da Shoah, é um uma área de 7.060 m² , em Milão,  localizado exatamente no local onde esses fatos terríveis aconteceram. Ele é dedicado à memória das vítimas do Holocausto na Itália. Está situada embaixo da Estação  Central, no plano térreo, em frente ao antigo prédio postal, e foi idealizada com o objetivo de marcar um local histórico, testemunha de uma catástrofe, mas também para se tornar um local educativo, um espaço de diálogo entre religiões, etnias e diferentes culturas. 

Fomos conhecer o Memorial com um grupo da cidade de Usmate, que organiza atividades culturais. Enquanto aguardávamos a chegada da nossa guia turística vimos outros grupos organizados, de todas as idades, escolas, pais que levavam seus filhos para conhecer a História.

Diante da palavra INDIFERENZA (indiferença)












Nossa guia era particularmente emocionada, pois sua família também foi vítima das atrocidades que viveram os judeus. Agora como professora aposentada se dedica a fazer conhecer os fatos dessa tragédia, com a esperança que cada visitante possa levar adiante um testemunho e o desejo que nunca mais se repita.


Ela nos acompanhou até uma grande placa no início da Memorial, onde está escrita a palavra INDIFERENÇA, que Liliana Segre, última sobrevivente italiana, escolheu para representar como a maior causa de todos os males. Ela viveu em um campo de extermínio, onde seu pai e grande parte de sua família foram mortos.

Liliana Segre e seu pai (vítima do Holocausto)


No caminho estão colocados painéis, que descrevem cada fase dessa triste história e um dos mais chocantes mostra uma imagem com um negro, um judeu e um homem branco, considerado modelo da raça, que fundamente a famigerada “Lei da Raça Pura”.

Perfil da raça pura (segundo os fascistas)  ao lado do perfil judeu e do negro

Logo adiante os nomes das vítimas se alternam em tamanho, dando destaque em cor laranja os pouquíssimos sobreviventes.


Muitas pessoas eram levadas para os vagões pensando que iriam trabalhar na Alemanha, aquelas que sobreviveram às péssimas condições da viagem e ainda demonstravam força física eram escravizadas, as mais frágeis eram mortas pelas doenças, em fornos crematórios, ou fuziladas.  Eram em sua maioria judeus, denunciados em troca de algum dinheiro.

A destinação para os campos de extermínio está
 registrada no chão do Memorial


 Seguimos até o local onde estão os velhos vagões do “Binário 21”, estacionados no trilho que originalmente era utilizado para carga e descarga postal, animais e mercadorias.  Mas nesses vagões de madeira, com pequenas aberturas, fechados somente pela parte externa, foram transportados milhares de judeus, alguns “partigianos” (homens e mulheres que lutavam contra o fascismo), políticos de oposição e pessoas que o regime fascista considerava distante do que chamavam “raça pura".

Em cada um dos pequeno vagões eram colocadas 80 pessoas e seus pertences, junto com animais, sem as mínimas condições de higiene, para realizar uma viagem que durava sete dias, rumo aos campos de Auschwitz–Birkenau, Mauthausen, Bergen-Belsen, Ravensbrück, Flossenbürg, Fossoli e Bolzano.

Vagões originais utilizados para transportar os juseus para os campos de extermínio
Nosso grupo era formado por 60 pessoas, de todas as idades, um grupo de escoteiros, pais e filhos. Emocionados, entramos em um dos vagões, quase não conseguíamos entrar, mesmo muito próximos uns dos outros, imaginamos como conseguiram entrar 80 pessoas, objetos, sem banheiro e sem possibilidade de sair do trem durante sete dias. Muitos começaram adoecer logo na primeira fase da viagem.

Visita nos vagões utilizados para levar os prisioneiros para o extermínio

Logo adiante uma instalação simbolizando um túnel, com duas lentes grandes, mostra o local onde esses vagões eram colocados em uma plataforma que se elevava até o plano de partida dos trens. Diante de nós passavam alguns trechos filmados da atividade do “Binário 21”.


Os vagões não foram criados para transportar pessoas

Mãe contando a história para seu filho

Mais adiante nos deparamos com um espaço circular de metal, chamado de “espaço de reflexão”, entramos e nos sentamos. No centro uma pequena luz, para representar que na fase mais escura da história da humanidade sempre tem uma esperança.  É uma cópia de uma câmara à gás, onde foram mortos milhares de judeus, mulheres, homens, crianças inocentes. Tudo em nome de uma loucura criada e aceita por tantos governos no mundo como verdade: a superioridade de uma raça.

Instalação: espaço para reflexão


Interior do Espaço para Reflexão (cópia de uma das câmaras à gás)
Ao encerrar a atividade com nossa guia fomos visitar os demais espaços: cabines onde são apresentados filmes e documentários, exposições de arte, biblioteca e venda de livros para quem quiser aprofundar o tema.

Biblioteca do Memorial

Auditório do Memorial

Quando saímos do Memorial vimos o crescente aumento de visitantes, silenciosos e respeitosos, fortalecendo a esperança de que cada pessoa que sai do Memorial leva consigo o desejo que atrocidades como essas nunca mais se repitam, porque pertencemos todos a uma única raça. A humana!

Liliana Segre
Liliana Segre levou sua neta para conhecer o Memorial

É uma das últimas testemunhas vivas do Holocausto e decidiu testemunhar o que viveu quando se tornou avó, aos sessenta anos, pensando no futuro dos seus netos e das novas gerações. Hoje aos 90 anos, completa 30 anos em que visita escolas e realiza palestras. A Presidência da República decidiu conceder-lhe a honra, concedida a poucas pessoas de reconhecido valor, de se tornar Senadora enquanto viver.

Atualmente é protegida por seguranças por ser continuamente ameaçada nas redes social, vítima de “odiadores”, que ultimamente parecem se sentir autorizados a demonstrar sua desumanidade em discursos de ódio. Tudo isso demonstra que há muito para ser feito, pois milhares de pessoas que fogem da fome e das guerras  estão morrendo na travessia dos mares;  muros continuam a serem erguidos e o número das vítimas de conflitos mundiais não param de crescer.

Porém, muitas são também as pessoas que dedicam suas vidas a favor da igualdade e da justiça, em atividades e espaços destinados a construir um novo mundo. Por mais doloroso que seja é preciso conhecer a História, para não deixar que o tempo e a INDIFERENÇA levem a humanidade a repetir os mesmos erros. Para isso foi criado o DIA INTERCIONAL DA MEMÓRIA, no dia 27 de janeiro, como um momento de reflexão, com atividades organizadas em todo o mundo, levando adiante os registros dessas páginas cruéis da História, para que não se repitam!