Quem foi Pellizza di Volpedo?


Volpedo, a cidade de Pellizza, é  uma pequena cidade agrícola, com 1215 habitantes, famosa pela produção de morangos e pêssegos. Mas a principal referência para os apaixonados por arte é o fato de ser a cidade natal do grande pintor, autor do “Quarto Estado”, pintura universalmente conhecida, que representa a luta dos trabalhadores e que está exposta no ingresso do "Museo del Novecento", em Milão, para ser apreciada gratuitamente, como ele desejou.
Quarto Stato - atualmente exposta no "Museo del Novecento", em Milão


Praça da cidade de Volpedo
A cidade reconhece seu valor. No decorrer de 2019, com a X edição da bienal pellizziana se realizam diversas manifestações, como a apresentação de suas obras nos museus de Volpedo e Tortona, além de diversas apresentações artísticas, teatro, música e fotografia.

X edição da bienal pellizziana-  2019





Autorretratos

 Quem foi Giuseppe Pellizza?

Pellizza (Volpedo, 28 de julho de 1868 - Volpedo, 14 de junho de 1907) foi um pintor italiano, primeiro divisionista, depois expoente da corrente social, autor do famoso “O quarto estado”, que se tornou um símbolo da luta dos trabalhadores, das batalhas políticas e dos sindicatos, a partir do século XIX com a segunda revolução industrial.

Era filho de Pietro Pellizza e Maddalena Cantù, uma rica família camponesa. Ele frequentou a escola técnica de Castelnuovo Scrivia, onde aprendeu os primeiros passos do desenho. Graças ao reconhecimento obtido com a comercialização de suas obras, o Pellizza entrou em contato com os irmãos Grubicy, que promoveram a inscrição de Giuseppe na Academia de Belas Artes de Brera, em Milão, onde ele foi aluno de Giuseppe Bertini. Ao mesmo tempo, ele recebeu aulas particulares do pintor Giuseppe Puricelli; depois tornou-se aluno de Pio Sanquirico. Ele expôs pela primeira vez em Brera em 1885. 

Após concluir seus estudos em Milão, Pellizza decidiu continuar seu treinamento, indo para Roma, primeiro para a Academia de San Luca, depois para a escola de nudez gratuita na Academia Francesa de Villa Medici.

Desapontado com Roma, ele deixou a cidade mais cedo do que o esperado para ir a Florença, onde frequentou a Academia de Belas Artes, como aluno de Giovanni Fattori. No final do ano acadêmico, ele voltou para Volpedo, a fim de dedicar-se à pintura “verista” através do estudo da natureza. Não se considerando satisfeito com a preparação que alcançou, foi para Bérgamo, onde frequentou os cursos particulares de Cesare Tallone na Academia Carrara. Ele então frequentou a Academia Ligustica em Gênova. No final deste estágio, ele retornou ao seu país natal, onde se casou com uma camponesa local, Teresa Bidone, em 1892. No mesmo ano, começou a adicionar "de Volpedo" à sua assinatura.

Em 1898, ele participou da Exposição Geral Italiana em Turim, capital do Piemonte. Nestes anos, o pintor abandonou progressivamente a pintura impasto para adotar o divisionismo, uma técnica específica baseada na divisão de cores através do uso de pequenos pontos ou quando desenhados. Assim, ele se confrontou com outros pintores que usavam essa técnica, especialmente com Giovanni Segantini, Angelo Morbelli, Vittore Grubicy de Dragon, Plinio Nomellini, Emilio Longoni e, em parte, também com Gaetano Previati. Em 1891, ele expôs na Trienal de Milão, tornando-se conhecido pelo público em geral. Ele continuou a expor pela Itália (a exposição ítalo-colombiana de Gênova em 1892, e novamente em Milão em 1894).


Ele retornou a Florença em 1893, onde frequentou o Instituto de Estudos Superiores; depois ele visitou Roma e Nápoles. Em 1900, ele expôs em Paris “O espelho da vida”. Em 1901, ele completou O Quarto Estado, ao qual dedicou dez anos de estudos e esforços. A obra, exibida no ano seguinte na Quadrienal de Turim, não recebeu o esperado reconhecimento, de fato provocou controvérsia e perplexidade entre muitos de seus amigos. Porém, esta é sua obra conhecida e apreciada universalmente, que se tornou símbolo da luta dos trabalhadores.

Desapontado, ele acabou abandonando as relações com muitos escritores e artistas da época, com quem mantinha uma correspondência íntima há muito tempo. Enquanto isso, Segantini morreu, em 1904, Pellizza embarcou em uma viagem ao Engadine, um local segantiniano, a fim de refletir mais sobre as motivações e a inspiração do pintor que considerava seu mestre. Em 1906, graças à crescente circulação de suas obras em exposições nacionais e internacionais, ele foi chamado a Roma, onde conseguiu vender uma obra (Il sole) ao Estado, destinada à Galeria de Arte Moderna. 
'Sul fienile" cópia de uma coleção privada
Cenário que o inspirou para a obra "Sul fienile" ainda existe
 Parecia o início de um novo período favorável, no qual o ambiente artístico e literário finalmente reconheceu os temas de suas obras. Mas a morte repentina de sua esposa, em 1907, levou o artista a uma profunda crise depressiva. Em 14 de junho do mesmo ano, ainda não com quarenta anos, ele se suicidou enforcando-se em seu estúdio em Volpedo.

Atelier de Pellizza di Volpedo - Ele fez questão de representar o seu  pai com o jornal na mão, para enfatizar o orgulho de saber ler, fato raro na vida campesina dessa época.

Atelier de Pellizza di Volpedo ainda tem intacta  a sua biblioteca. Nos quadros à esquerda ele pintou sua mulher, grande amor de sua vida. À direita seus pais.

Atelier de Pellizza di Volpedo

Pellizza di Volpedo

Em 2003, o curta Il Quarto Stato, de Emilio Mandarino, foi filmado.

Visita em outubro de 2019, com a UNITRE, de Lodi

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